29 de maio de 2021

Os maiores guerreiros do mundo animal #5

Quem disse que a coragem é exclusiva dos humanos? Existem muitos animais por aí que deixam as pessoas para trás quando o quesito é ser um herói.
Confira mais alguns dos maiores guerreiros do mundo animal nessa aclamada série de matérias. E se você não gostar de animais ou estiver curioso, clique aqui e veja os maiores guerreiros humanos que já viveram.

Domínio público
Cher Ami não foi o único pombo a fazer fama na guerra, conheça G.I Joe, o pombo correio que salvou a vida de mais de 1000 soldados durante a Segunda Guerra Mundial.
Não existem muitas informações sobre o passado de Joe, naquela época usar pombos correios era muito comum e eles não perdiam tempo catalogando todos eles porque a maioria iria morrer ou se perder. O pombo de rosto branco tinha uma missão simples, ele ia para a guerra com os soldados e se eles precisassem mandar uma mensagem para a base eles soltavam o pombo com um bilhete. Ao contrário do que muita gente acredita pombos correios só entregam mensagens para um lugar, eles não vão para qualquer lado.
Tudo ia relativamente bem na vida de Joe, que embora fosse americano estava no regimento britânico, que por sua vez estava eliminando os nazistas-fascistas da Itália, eles faziam um bom trabalho, talvez bom até demais.
Durante a Campanha italiana da Segunda Guerra Mundial, G.I. Joe estava indo para a Vila de Calvi Vecchia, na Itália, com as tropas britânicas da 56ª Divisão de Infantaria (Londres), os faci-nazistas estavam ocupando o lugar e mais de 1.000 soldados aliados foram enviados para recuperar e libertar a vila. O problema é que como medida de segurança os americanos planejavam bombardear a vila caso os ingleses perdessem a batalha.
Os yankees aparentemente não tinham fé nos britânicos, antes mesmo da batalha terminar eles já tinham autorizado o bombardeio para a vila, mas no último instante os ingleses venceram, e eles libertaram a vila, na verdade o que aconteceu é que os alemães fugiram mais cedo do que o esperado. Rapidamente eles foram avisar os americanos para não jogar as bombas já que agora a cidade estava livre de nazistas... mas seu rádio estava morto.
Agora havia batido o desespero, os americanos iam bombardear 1.000 de seus próprios aliados achando que eles eram nazistas, a única esperança do povo era aquela ave rechonchuda de penas claras.
Uma mensagem para parar o bombardeio foi amarrada em G.I Joe, que agora tinha de voar para sua base mais rápido do que os aviões americanos voariam para a vila onde estavam os soldados. Para a surpresa de todos os envolvidos o pombo conseguiu voar 32 Km (20 milhas) em apenas 20 minutos, é como se ele soubesse que todos os soldados morreriam caso ele falhasse. O plano funcionou, o bombardeio foi cancelado e a ave salvou sozinha a vida de mais de 1.000 soldados aliados.
Em 4 de novembro de 1946, G.I. Joe recebeu a Medalha de Dickin por Galanteria Animal dada pelo major-general Charles Keightley na Torre de Londres, a citação o credita com o voo mais excepcional feito por um pombo do Exército dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. G.I. Joe era o 29º e o primeiro receptor não-britânico da medalha.
Depois da guerra todos concordavam que o pombo merecia uma aposentadoria, ele foi alojado no Churchill Loft do exército dos EUA em Fort Monmouth, em Nova Jersey, juntamente com outros 24 pombos heroicos. Ele morreu nos Jardins Zoológicos de Detroit aos 18 anos, ele foi empalhado para ser exposto no Museu de Eletrônica das Comunicações do Exército dos EUA em Fort Monmouth, onde todos poderiam saber de sua magnifica história.

Domínio público
Existem mais do que pombos e cães na guerra (se você leu as outras partes dessa matéria você sabe do que eu estou falando), conheça agora Jackie The Baboon, um babuíno heroico que fez fama na Primeira Guerra Mundial.
Nossa história começa mais de 100 anos atrás em 1915, Jackie era um Babuíno Chacma (Papio ursinus) que foi encontrado por Albert Marr vagando em sua fazenda, logo ele se tornou seu amado animal de estimação.
Os dois eram muito unidos, o babuíno era parte da família de Marr, mas as coisas iriam mudar. A Primeira Guerra Mundial estava começando, e Marr foi convocado pelo exército, mas ele não queria deixar seu amigo de pelo pra trás, então ele pediu permissão de seus superiores para que Jackie pudesse se juntar ao exército também, ninguém sabe o por quê mas os superiores disseram sim. Jackie foi tratado igual os outros soldados, isso incluía um uniforme customizado só dele, com seu próprio chapéu, espaço para medalhas, carteira assinada e pagamento.
Embora no início os outros membros do regimento simplesmente o ignorassem, ele logo se tornou o mascote oficial do 3º Regimento Transvaal. Ele agia como todos os outros soldados, quando ele via um oficial superior passar, ele ficava de pé e colocava sua mão na testa. Ele também acendia cigarros para seus colegas oficiais e trabalhava de sentinela, um trabalho que ele se destacava devido ao seus sentidos de olfato e audição superiores, ele era capaz de detectar inimigos que ninguém mais via, só ele.
Jackie também construía paredes de pedras em trincheiras para se proteger das balas inimigas, mas infelizmente isso nem sempre era o suficiente, uma vez seu dono levou um tiro no ombro, e Jackie ficou ao seu lado lambendo sua ferida até o resgate chegar. Outra vez Jackie e Marr acabaram sendo atingidos por um explosivo, os médicos do regimento trataram ele como qualquer soldado e levaram Jackie de maca para o hospital do campo e tentaram salvar sua perna, mas, infelizmente naquela época a medicina não era tão avançada e ela teve de ser amputada. Devido os efeitos desconhecidos do clorofórmio (anestesia) em babuínos, os médicos e o regimento estavam certos que Jackie morreria ali mesmo, mas apenas alguns dias depois ele já estava pronto pra guerra.
Por sua bravura mostrada em três anos de serviço nas trincheiras Jackie foi promovido a cabo e ganhou a Medalha de Valor.
No final de abril, Jackie foi oficialmente dispensado do Maitland Dispersal Camp, Cidade do Cabo, África do Sul, enquanto usava no braço uma faixa de ouro e três insígnias de serviço azul indicando três anos de serviço de linha de frente. Ele também recebeu um documento de libertação, uma pensão militar e um Formulário de Emprego Civil para soldados.
Depois dessa aventura louca, Jackie voltou para a fazenda da família Marr, onde morou até o dia 22 de maio de 1921 quando faleceu, sua idade nunca foi revelada porque ninguém sabia quão velho ele realmente era quando foi adotado. Albert Marr, seu dono e amigo, viveu até os 84 anos e morreu em Pretória em agosto de 1973. 
E aqui acaba a história desse herói animal que, devido à sua vida curiosa, acabou como o único macaco a alcançar o posto de Privado da Infantaria Sul-Africana e a lutar no Egito, na Bélgica e na França durante a Primeira Guerra Mundial, sua história pode não ser famosa, mas pelo menos agora você conhece um pouco mais do babuíno herói.

Domínio público
Pra que usar um cão se você pode usar algo maior... muito maior? Conheça Lin Wang, o Elefante de Guerra Asiático que serviu com a Força Expedicionária Chinesa durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945) e mais tarde se mudou para Taiwan para viver uma vida tranquila. O elefante não ficou famoso apenas por ser um animal de guerra, mas por ser um dos poucos que lutou para os dois lados da mesma guerra.
Sua história começou depois que o Japão atacou Pearl Harbor em 1941, a Guerra Sino-Japonesa, que já havia começado em 1937, tornou-se parte do maior conflito da Segunda Guerra Mundial. 
Quando os japoneses começaram a atacar colônias britânicas na Birmânia, o generalíssimo Chiang Kai-shek formou a "Força Expedicionária Chinesa" sob a liderança do General Sun Li-jen, para lutar na Campanha da Birmânia. Após uma batalha em um campo japonês em 1943, Lin Wang, juntamente com outros doze elefantes, foram capturados pelos chineses.
Esses elefantes estavam sendo usados pelo exército japonês para transportar suprimentos e puxar peças de artilharia. As forças aliadas chinesas também usaram esses mesmos elefantes para fazer tarefas semelhantes. Nesse momento, Lin Wang foi renomeado "Ah Mei" (阿美), que significa "O Bonito".
Em 1945, a Força Expedicionária voltou para a China. Os elefantes e seus manipuladores já tiveram um começo difícil, eles tinham de atravessar a Estrada da Birmânia, que era um inferno, mais de 1.100 km de mato denso, temperatura úmida com insetos e animais se escondendo a cada passo, a estrada era tão ruim que seis elefantes morreram durante a difícil caminhada. Quando chegaram a Guangdong, a guerra finalmente terminou. No entanto, o serviço dos elefantes com o exército não terminou.
O Bonito e seus amigos participaram na construção de alguns monumentos para os mártires da guerra, e na primavera de 1946, eles também se apresentaram em um circo para arrecadar dinheiro para o alívio da fome na província de Hunan.
Mais tarde, quatro elefantes do grupo foram enviados para os zoológicos de Pequim, Xangai, Nanjing e Changsha. Os três elefantes restantes, incluindo Lin Wang, foram transferidos para um parque em Guangzhou.
Em 1947, Sun Li-jen foi enviado para Taiwan para formar novas tropas. Ele levou os três elefantes com ele, mas um dos animais estava doente e faleceu pouco tempo depois. Os dois elefantes restantes foram usados ​​para transportar troncos e realizar outras tarefas simples perto da base do exército em Fongshan, Kaohsiung. 
Em 1951, o outro elefante morreu e Lin Wang se tornou o único dos treze elefantes originais ainda vivo, por isso ele ficou mais famoso do que os outros cujos nomes nem são lembrados. Em 1952, o exército decidiu dar O Bonito ao zoológico de Taipei em Yuanshan, onde ele conheceu o amor de sua vida, Malan. O dono do zoológico sentiu que o nome O Bonito (Ah Mei no original) era muito feminino, assim, seu nome foi trocado para "King of the Forest", ou o Rei da Floresta, abreviado para "Lín Wáng". No entanto, um repórter publicou seu nome errado como Lín Wàng (que tem uma entonação diferente), e esse nome errado acabou pegando.
Lin Wang tornou-se o animal mais famoso e popular em Taiwan, as pessoas se referiam a ele afetivamente como "Vovô" e em 1983 o zoológico deu a primeira festa de aniversário por seu sexagésimo ano de vida. Desde então, seu aniversário foi celebrado todos os anos no último domingo de outubro no zoológico, atraindo milhares de visitantes, incluindo visitas de prefeitos de Taipei. Em 1986, o zoológico se mudou de Yuanshan para Mucha, e muitos cidadãos de Taipei se aglomeraram nas ruas para ver os animais, particularmente Lin Wang.
No início de 2003, Lin Wang sofreu artrite na perna traseira esquerda. Ele começou a perder o apetite junto com outras complicações, sua condição começou a piorar rapidamente e, em 26 de fevereiro, Lin Wang faleceu. 
Seu "memorial" durou várias semanas e foi visitado por dezenas de milhares de pessoas, muitas das quais deixaram cartões e flores para o elefante. Lin Wang foi premiado como "Cidadão Honorário de Taipei" pelo prefeito. O presidente Chen Shui-bian enviou uma coroa de flores, com um cartão dizendo "para o nosso amigo para sempre, Lin Wang".
Em comparação com a expectativa de vida média de 70 anos de um elefante asiático comum, Lin Wang viveu muito mais e morreu aos 86 anos de idade. Ele é o elefante mais velho já criado em cativeiro. Além de seu serviço ao exército, Lin Wang também se tornou um ícone cultural e uma parte inseparável nas memórias de muitos asiáticos. Sua vida refletiu eventos importantes da história deles, como as guerras na China e mais tarde o milagre econômico de Taiwan, e três gerações de pessoas se lembram dele com carinho como parte da identidade nacional. Em 2004, Lin Wang foi imortalizado em um espécime de tamanho natural no Zoológico de Taipei creditado ao taxidermista Lin-Wen Lung. Então não precisa nem dizer que seu legado está seguro para a posterioridade.

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