Olá e seja muito bem-vindo a mais uma parte de nossa aclamada série sobre os maiores criminosos que já viveram e que viraram parte da história. E se você gostar desse tipo de matéria, deixe sua curtida em nosso facebook, e leia nossa outra série de matérias sobre pessoas que viraram lendas, os maiores guerreiros do mundo (tanto humanos quanto animais), é ler para crer.
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Brazilian National Archives, Domínio público, via Wikimedia Commons |
Hoje nós vamos falar de mais um criminoso brasileiro que todo mundo já deve ter ouvido falar, João Acácio Pereira da Costa. Tudo bem, você pode não reconhecer esse nome, mas seu apelido você reconhece, Acácio é ninguém menos do que o famoso Bandido da Luz Vermelha.
Como muitos criminosos João Acácio teve uma infância difícil, ele ficou órfão com apenas quatro anos de idade, então ele e seu irmão mais velho, Joaquim Tavares Pereira, foram morar com um tio, mas esse tio não gostava tanto assim dos garotos e não parecia querer eles por perto, ele passou a forçar os irmãos a trabalhar em troca de comida e abrigo. Segundo o próprio João o tio também torturava fisicamente e psicologicamente os irmãos.
Quando pré-adolescente Acácio provavelmente foi estuprado por meninos mais velhos. Sem aguentar os vários abusos que sofria ele e seu irmão fugiram da casa de seu tio e passaram a viver nas ruas de Joinville, onde Acácio começou a praticar pequenos furtos em lojas de alimentos e de roupas. Ele até tentou trabalhar honestamente, mas isso nunca durava, sendo demitido por ser mulherengo e também por não obedecer as regras.
Acácio acabou se mudando para a Baixada Santista, em São Paulo, onde começou a arquitetar roubos às residências de luxo. Mas ele também cometia crimes no Rio de Janeiro, principalmente desmanche e roubo de carros.
Acácio foi ficando cada vez mais vaidoso, ele se vestia com roupas coloridas, gastava seu dinheiro com mulheres e boates, e ás vezes até usava perucas. O jeito mulherengo de Acácio também fazia parte de seus crimes, segundo algumas fontes da época ele teria estuprado mais de 100 de suas vítimas, mas nada disso foi provado e o bandido nunca sequer foi condenado por estupro.
João Acácio passou a desenvolver seu próprio modo de operação na hora de roubar, ele agia sozinho e armado, chegava a seus alvos de táxi ou de ônibus e preferia atacar casarões de alta classe. A invasão acontecia na madrugada, entre as 4 e 6 da manhã, depois que o bandido cortava a energia do local.
Mas Acácio não era burro, para despistar a polícia ele na verdade fingia ser quatro criminosos diferentes: o "bandido incendiário" que tacava fogo nos corredores das casas para provocar pânico e acordar os moradores, o "bandido mascarado" que se especializava em roubar jóias, o "bandido macaco" que usava um macaco de carro para abrir as janelas das mansões, e o "bandido da luz vermelha", que usava uma lanterna de aro avermelhado para acordar suas vítimas no meio da madrugada e anunciar o roubo.
De suas quatro "personalidades" o Bandido da Luz Vermelha acabou ficando mais famoso, mas de original ele não tinha nada. O bandido só ganhou o apelido por causa de um assassino, sequestrador e estuprador americano chamado Caryl Chessman que usava uma luz parecida com a de sirenes policiais na hora de matar suas vítimas. Chessman foi apelidado de "Red Light Bandit", ou em nossa língua, "Bandido da Luz Vermelha", um nome que a mídia brasileira resolveu copiar na hora de nomear Acácio.
Embora João Acácio não cometesse assassinatos com frequência, ele chegou sim a matar pessoas, seu primeiro homicídio aconteceu em 3 de outubro de 1966 quando o estudante Walter Bedran, de apenas 19 anos, ao tentar surpreender o bandido, foi alvejado com um tiro na cabeça. Dez dias depois a sua nova vítima foi o operário José Enéas da Costa de 23 anos, morto durante uma briga com o criminoso em um bar no bairro da Bela Vista. Em 7 de junho de 1967, no Jardim América, o industrial Jean von Christian Szaraspatack tentou reagir a uma tentativa de roubo e foi assassinado numa troca de tiros. Em 6 de julho de 1967, João Acácio matou o vigia José Fortunato, que tentou impedir sua entrada na mansão em que trabalhava, no bairro do Ipiranga.
A mídia foi a loucura com os crimes de Acácio e eles praticamente o transformaram em um personagem do folclore brasileiro, tudo isso, combinado com sua vaidade natural, fez com que Acácio ficasse cada vez mais convencido, afinal ele agiu sem ser pego durante seis anos, completando mais de 77 assaltos.
Mas conforme sua confiança aumentava ele começava a cometer erros, Acácio só foi capturado graças a um vacilo, ele deixou suas impressões digitais no vidro da janela de uma casa que ele roubou. Com a identidade do famoso ladrão descoberta, sua imagem foi colocada em jornais e revistas, fazendo com que o bandido da Luz Vermelha não tivesse mais onde se esconder. Acácio foi então preso em 1967, no Paraná, depois de ser reconhecido por um vendedor de bilhetes de loteria. Foi julgado por 88 crimes, sendo eles quatro assassinatos, sete tentativas de homicídio e 77 assaltos. Acácio foi condenado a 351 anos, 9 meses e 3 dias de prisão, mas nada disso importava porque no Brasil a pena máxima é de apenas 30 anos, então ele sairia logo logo da cadeia.
Enquanto estava preso o jeito mulherengo do bandido continuava, ele recebia cartinhas de amor de várias mulheres mesmo estando atrás das grades, algumas fontes dizem que até as mulheres que ele estuprou se apaixonaram por ele, mas isso obviamente nunca foi provado.
Acácio também recebia ameaças de morte de outros presos devido a sua fama e rumores de que ele podia ser um estuprador.
Na verdade é difícil saber o que é e não é verdade sobre a vida do Bandido da Luz Vermelha, isso porque suas vítimas eram quase todas ricas, e normalmente elas preferiam manter os crimes fora da mídia para evitar a humilhação pública. Acácio chegou a ser proibido por lei de dar entrevistas onde ele poderia ridicularizar suas vítimas. Por isso tudo existem poucas informações sobre o criminoso que foram provadas, a maioria não passam de rumores e por isso não foram escritas nessa matéria.
Após cumprir os 30 anos previstos pela lei, o famoso bandido finalmente foi libertado na noite do dia 26 de agosto de 1997 e retornou para a cidade de Joinville, mantendo uma certa popularidade, pois tinha obsessão em se vestir com roupas vermelhas, ele também gostava de dar autógrafos, mas quando alguém lhe pedia um, ele simplesmente escrevia a palavra "Autógrafo" ao invés de seu nome. Acácio porém já não era mais o mesmo homem de antes, ele havia perdido alguns dentes e estava sofrendo de problemas psicológicos.
Sua "boa vida" não durou muito, após apenas quatro meses e vinte dias em liberdade, João Acácio foi assassinado com um tiro de espingarda no dia 5 de janeiro de 1998, durante uma briga de bar. Conforme informado à época pelo jornal "Notícias Populares", o assassino do ex-detento alegou ter efetuado o disparo para salvar a vida do seu irmão, que fora agarrado e ameaçado com uma faca depois de um desentendimento por causa de um suposto assédio sexual cometido por Acácio contra a mãe e a mulher da vítima. Até hoje ninguém sabe se isso é verdade, mas em novembro de 2004 o assassino foi absolvido pela Justiça de Joinville por legítima defesa.
E esse foi o fim do grande Bandido da Luz Vermelha, sua vida inspirou dois filmes, "O Bandido da Luz Vermelha" de 1968 e "Luz nas trevas - A volta do bandido da luz vermelha" de 2012. Também acabou virando música, e em 2019 sua biografia foi contada no livro "Famigerado! — A História de Luz Vermelha, o bandido que aterrorizou São Paulo", de autoria do jornalista e escritor Gonçalo Júnior.
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