15 de julho de 2023

Os maiores guerreiros do mundo animal #3

Guerreiros vem em todos os sexos, cores, tamanhos e espécies, por aí existem muitos animais que fizeram coisas incríveis e ganharam o respeito do público. Confira agora mais alguns dos maiores guerreiros animais que o mundo já viu, mas se você preferir ler sobre os maiores guerreiros humanos de todos os tempos, clique aqui.

Domínio público
Rags, esse é o nome desse pequeno herói da raça Terrier, sua história é importante porque ele se tornou um dos primeiros cães soldados da Primeira Guerra Mundial.
Rags foi encontrado abandonado nas ruas de Paris por um americano, o soldado James Donovan, um Especialista do Corpo de Sinalização que servia com a 1ª Divisão de Infantaria dos EUA. Donovan chamou o cão de Rags ("Trapos"), porque quando o encontrou pela primeira vez ele o confundiu com uma pilha de trapos. Donovan tinha marchado no desfile do dia da Bastilha e estava atrasado. Para evitar estar ausente sem licença, Donovan mentiu à Polícia Militar e disse que Rags era o mascote desaparecido da 1ª Divisão de Infantaria e que ele fazia parte de um grupo de busca que estava procurando o cachorro. Ao retornar à sua unidade, Donovan escapou do castigo e ainda foi autorizado a manter Rags como seu mascote.
O trabalho do novo dono de Rags na linha de frente foi o de comunicação, para isso ele também teve que reparar os fios de campo telefônicos que tinham sido danificados por fogo de artilharia. O trabalho era perigoso, só tinha uma rota para trocar as linhas, e os inimigos sabiam disso, por isso quase todos os comunicadores morriam, foi então que Donovan teve uma ideia genial, ele treinou Rags para levar mensagens em sua coleira.
Em julho de 1918, Rags e Donovan e uma unidade de infantaria de 42 homens foram cortados e rodeados por alemães inimigos. Rags era a única salvação dos soldados e ele não deixou a desejar, levando de volta uma mensagem sua coragem resultou em uma barragem de artilharia e reforços que resgataram o grupo, a bravura de Rags se espalhou pela infantaria.
Em setembro de 1918, Rags e Donovan estavam envolvidos na campanha americana final da guerra. Rags realizou uma série de trocas de mensagens e em 2 de Outubro de 1918, salvando a vida de centenas de soldados.
Rags também aprendeu a avisar os soldados que bombas estavam chegando ao se deitar e "agarrar" o chão com suas patas, ele aprendeu isso apenas observando os soldados, ele também sabia saudar colocando sua pata na cabeça e, claro, ele sabia pedir petiscos, muitos lugares já até deixavam uma vasilha com água para ele beber caso ele visitasse o lugar.
Em 9 de Outubro de 1918, Rags e Donovan foram as vítimas de fogo de artilharia e gás alemães. Rags teve sua pata dianteira direita, orelha direita e olho direito machucados por lascas de bombas, e também foi levemente gaseado. Donovan foi mais gravemente ferido. Os dois foram mantidos juntos e levados de volta para uma estação, em seguida, vários hospitais diferentes. Como Rags era um cão muitos não gostaram do tratamento especial que ele estava recebendo, mas sempre que eles reclamavam eles eram informados que as ordens vinham de seus superiores. O cão foi rapidamente curado após um tratamento excelente. A saúde de Donovan, no entanto, piorou e ambos foram devolvidos aos Estados Unidos. 
Rags teve de ser "traficado" para um trem e um navio, Donovan continuou no hospital e Rags ganhou uma nova coleira que dizia "Rags da 1° Divisão".
Tragicamente o dono de Rags não se recuperou e morreu em 1919, deixando Rags como o mascote da sede onde ele estava ficando durante o tratamento, até que em 1920 o Major Raymond W. Hardenbergh, sua esposa e duas filhas chegaram a Fort Sheridan. A família e Rags logo se entrosaram e adotaram o cão. Rags se tornou uma celebridade Nova Yorkina com vários artigos escritos em sua homenagem, também conheceu políticos e soldados do alto escalão.
Rags faleceu com incríveis 20 anos de idade e foi enterrado com todas as honras militares e um memorial foi erguido em sua homenagem.

bertknot, CC BY-SA 2.0, via Flickr
Outro pequeno cão de guerra que fez grandes coisas, Smoky (Fumacinha) fez fama durante a Segunda Guerra Mundial. Pesando apenas 1,8 kg e 180 mm de altura essa Yorkshire Terrier foi a responsável por trazer essa raça a moda novamente.
Em 1944 Smokey foi abandonada já adulta em uma trincheira na Nova Guiné, por sorte um soldado americano encontrou ela e resolveu levar a cadelinha de volta para um campo de prisioneiros japoneses, só que ninguém ali conhecia a cachorra, na verdade a cadela não entendia nem inglês e nem japonês. Ela então foi vendida por $ 6,44 para o soldado William A. Wynne.
Nos dois anos seguintes Smoky viu o resto da guerra e acompanhou Wynne nos voos de combate no Pacífico. Ela enfrentou circunstâncias adversas, vivendo na selva da Nova Guiné e nas Ilhas do Rock, sofrendo com as condições primitivas das tendas com calor e umidade equatoriais. Ao longo de seu serviço, Smoky dormiu na tenda de Wynne em um cobertor feito especialmente para ela com uma capa de cartão de feltro verde. Ela compartilhou as rações de Wynne e também sua comida. Ao contrário dos cães de guerra "oficiais" da Segunda Guerra Mundial, a Smoky não teve acesso a nenhum medicamento veterinário nem a uma dieta equilibrada formulada especialmente para cães, apesar disso, Smoky nunca ficou doente. Ela também correu em coral por quatro meses sem desenvolver nenhuma das doenças na pata que atormentaram outros cães de guerra. 
Segundo o próprio Wynne, que virou escritor depois da guerra: "Smoky serviu no Pacífico Sul com a 5a Força Aérea, 26º Esquadrão e voou em 12 missões de resgate de ar/mar e reconhecimento". Mas ela não fez apenas isso, Smoky também foi creditada com doze missões de combate e recebeu oito estrelas de batalha. Ela sobreviveu a 150 ataques aéreos em Nova Guiné e passou por um tufão em Okinawa. Smoky até pulou de paraquedas de 9,1 m no ar, fora de uma árvore, usando um paraquedas feito apenas para ela. Wynne ainda creditou Smoky com a salvação de sua vida, alertando-o de bombas lançadas em um LST (navio de transporte), chamando-lhe de um "anjo de uma trincheira". À medida que a plataforma do navio estava crescendo e vibrando da artilharia antiaérea, Smoky guiou Wynne para se abaixar, a artilharia atingiu oito homens que estavam de pé ao lado deles.
Ela também sabia truques para entreter pacientes em hospitais e membros do exército. Em 1944, a revista Yank Down Under nomeou Smoky a "Mascote campeã da área do Pacífico Sudoeste".
A cadela ainda ajudou a construir um telégrafo ao transportar fios, isso salvou o tempo de 250 operários e graças a ela 40 aviões de guerra aliados puderam ficar no ar.
Depois da guerra Smoky virou sensação nacional, pelos próximos 10 anos ela e seu dono viajaram para vários lugares exibindo as habilidades dela, que incluíam até mesmo andar vendada na corda bamba, para se ter uma ideia ela apareceu em 42 programas de televisão e nunca repetiu nenhum de seus truques, todos eram sempre novos, eles também visitavam muitos hospitais de veteranos que amavam ver Smoky e relembrar os velhos tempos.
Em fevereiro de 1951 Smoky faleceu aos 14 anos de idade, ela foi enterrada dentro de uma caixa de artilharia em uma reserva, 50 anos depois, em 2005, uma estátua de bronze em tamanho real da cadelinha foi erguida no local onde ela foi chamada de "A Cachorra de Todas as Guerras".

dvidshub, domínio público, via picryl
Nem todos os cães de guerra heroicos viveram décadas atrás, conheça Valdo, um cão farejador de bombas que fez fama em 2011 durante sua missão no Afeganistão.
Valdo não tem uma história bonitinha como os outros cães mais antigos, como quase todos os cães militares hoje em dia esse Pastor Alemão foi criado especificamente para a guerra, mais precisamente para rastrear o cheiro de compostos usados em explosivos e avisar seus superiores para que eles possam desarmar a bomba.
Embora o Pastor Alemão tenha feito um bom trabalho ele nunca recebeu nenhuma medalha, isso porque as novas regras militares dizem que cães não são tecnicamente soldados, mas sim "equipamento militar". Mas Valdo ganharia sua fama de qualquer jeito.
Durante uma batalha no Afeganistão ele salvou a vida de quatro soldados americanos. Em abril de 2011 Valdo estava fazendo a patrulha junto com 11 soldados quando terrorista abriram fogo contra eles. Os terroristas jogaram um míssil neles, o míssil acertou Valdo, assim o alcance da explosão foi menor. O cão e alguns soldados ficaram extremamente feridos, ele teve de ser carregado até a base para receber algum tratamento.

Graças a Valdo ter recebido a explosão os outros soldados saíram vivos, o cão se recuperou mas devido aos machucados sua carreira militar acabou. 
Valdo não pode ser oficialmente recompensado por sua bravura, mas sua história se espalhou graças a internet quando vários sites começaram a contar o que aconteceu naquele dia, graças a isso Valdo sempre será lembrado pelo público.

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