Nós iniciamos uma nova série sobre a história dos maiores criminosos do mundo, e em nossa última matéria nós falamos do infame Al Capone, mas nós não podemos falar de Capone sem falar do famoso Eliot Ness, possivelmente o policial mais famoso do mundo (se você não se lembra dele que tal reler a história do Capone?), por isso seja bem vindo a essa matéria especial sobre pessoas que viraram lendas na história.
E se você gostar da matéria espero que deixe sua curtida em nosso facebook, e leia nossa outra série de matérias sobre pessoas que viraram lendas, os maiores guerreiros do mundo (tanto humanos quanto animais).
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Domínio público via wikimedia commons |
Eliot Ness nasceu em 19 de abril de 1903, no bairro de Kensington, em Chicago, Illinois. Ele era o caçula de cinco filhos, seus pais, Peter Ness e Emma King, eram ambos imigrantes noruegueses que operavam uma simples padaria.
Ness frequentou a Escola Pública Christian Fenger, em Chicago, apesar do nome a escola não era católica. Ele foi então parar na Universidade de Chicago, graduando-se em 1925 com um diploma em ciências políticas e administração de empresas.
Ele rapidamente começou sua carreira como investigador, ele passou a trabalhar para a Empresa de Crédito de Varejo de Atlanta, designado para o território de Chicago, onde ele conduzia investigações de créditos e antecedentes criminais para ver se a pessoa estava pegando dinheiro que ela nunca conseguiria pagar de volta, ou apenas aplicando um golpe na empresa.
Em 1929 Ness retornou à universidade para fazer um curso de pós-graduação, ele agora queria ser um perito em criminologia, as aulas eram ministradas por August Vollmer, um notável policial e chefe do Departamento de Polícia de Berkeley. As ideias de Vollmer sobre a profissionalização da aplicação da lei influenciariam Ness pelo resto de sua carreira.
O cunhado de Ness, Alexander Jamie, era um agente do Bureau of Investigation (que viria a se tornar o famoso FBI em 1935). Foi ele quem influenciou Ness a entrar de vez na lei.
Ness se juntou ao Departamento do Tesouro dos EUA em 1926, trabalhando com o Bureau de Proibição em Chicago. Esse departamento tinha apenas uma missão: ter certeza de que a proibição do álcool estava dando certo. Eles basicamente fechavam os bares ilegais e jogavam o álcool fora.
O grande problema é que quem mandava nesses bares era a máfia, e quase todos os policiais estavam trabalhando para os criminosos.
Ness se juntou ao Departamento do Tesouro dos EUA em 1926, trabalhando com o Bureau de Proibição em Chicago. Esse departamento tinha apenas uma missão: ter certeza de que a proibição do álcool estava dando certo. Eles basicamente fechavam os bares ilegais e jogavam o álcool fora.
O grande problema é que quem mandava nesses bares era a máfia, e quase todos os policiais estavam trabalhando para os criminosos.
Em março de 1930 o grande momento da carreira de Ness estava próximo, isso porque naquele ano o advogado Frank J. Loesch, da Comissão de Crimes de Chicago, pediu ao presidente Herbert Hoover que derrubasse Al Capone, que na época era simplesmente o maior chefão do crime que eles já viram.
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Pennsylvania Department of Corrections / FBI, Domínio público, via Wikimedia Commons |
Agentes da Secretaria da Receita Federal, trabalhando sob o comando de Elmer Irey e o agente especial Frank J. Wilson, da Unidade de Inteligência, já estavam investigando Capone e seus associados por evasão fiscal, mas esse era um caso muito lento, eles precisavam de uma ajudinha.
No final de 1930, o Procurador Geral William D. Mitchell, buscando um fim mais rápido do caso, implementou um plano planejado pelo próprio Presidente Hoover para enviar uma pequena equipe de agentes da Lei Seca, trabalhando sob um advogado especial dos Estados Unidos, para atacar cervejarias ilegais e fornecer as rotas de trafico de Capone, enquanto ao mesmo tempo reuniam evidências contra a máfia de conspiração para violar a Lei Nacional de Proibição.
O advogado George E.Q. Johnson, o procurador de Chicago encarregado diretamente da Lei Seca e das investigações do imposto de renda de Capone, escolheu Ness pessoalmente para liderar esse pequeno esquadrão, mesmo na época ele tendo apenas 27 anos e não sendo ninguém especial.
A verdade é que Ness podia não ser o mais qualificado pro cargo e ninguém realmente sabe o porque ele foi escolhido, ele não era famoso, ele não era bonitão e ele não era um gênio da estratégia. Mas Ness tinha uma qualidade que ninguém mais tinha, ele era simplesmente incorruptível.
Com a corrupção da polícia de Chicago chegando aos extremos, Ness passou pelos registros de todos os agentes da Lei Seca para criar uma equipe confiável, inicialmente de seis, eventualmente crescendo até cerca de dez agentes. Eles ficaram conhecidos como "Os Intocáveis", um apelido que perseguiria Elliot até o fim de sua vida.
Esses agentes não podiam ser subornados, eles não podiam ser ameaçados e eles não tinham medo de ir contra os maiores criminosos da época, o que, claro, fazia deles o pior pesadelo da máfia. Um policial que não pudesse ser comprado era algo inacreditável.
Esses agentes não podiam ser subornados, eles não podiam ser ameaçados e eles não tinham medo de ir contra os maiores criminosos da época, o que, claro, fazia deles o pior pesadelo da máfia. Um policial que não pudesse ser comprado era algo inacreditável.
As invasões contra alambiques e cervejarias ilegais começaram em março de 1931. Em seis meses, os agentes de Ness haviam destruído operações de contrabando no valor estimado de US$ 9 milhões (o equivalente hoje a US$ 145 milhões), e toda essa grana pertencia a ninguém menos do que Al Capone. Capone até conseguiu subornar alguns dos agentes de Ness, que escolheu ignorar o fato, mas o detetive em si simplesmente não desistia.
A principal fonte de informação para os ataques foi uma extensa operação de escutas. Tentativas fracassadas de membros da Chicago Outfit de subornar ou intimidar Ness e seus agentes inspiraram Charles Schwarz, do Chicago Daily News, a começar a chamá-los de "Intocáveis" pela primeira vez, um termo que Schwarz pegou emprestado das reportagens de jornais sobre os intocáveis da Índia. George Johnson adotou o apelido e promoveu-o à imprensa, estabelecendo-o como o título não oficial da equipe.
Os esforços de Ness e sua equipe infligiram grandes prejuízos financeiros às operações de Capone e levaram à sua acusação de cinco mil violações da lei em junho de 1931. Mas o juiz federal James H. Wilkerson impediu que a acusação viesse a julgamento, em vez disso ele preferiu usar o caso de evasão fiscal que eles tinham contra Capone.
Em 17 de outubro de 1931, Capone foi condenado em cinco das vinte e duas acusações de evasão fiscal. Ele foi condenado a onze anos de prisão e, após um apelo fracassado, começou sua sentença em 1932. Em 3 de maio de 1932, Ness estava entre os agentes federais que levaram Capone da Cadeia do Condado Cook até a Estação Dearborn, onde ele embarcou no Dixie.
Embora o nome de Ness seja sempre lembrado ao lado do de Capone, essa foi a única vez na vida deles que eles se encontraram cara a cara.
Embora o nome de Ness seja sempre lembrado ao lado do de Capone, essa foi a única vez na vida deles que eles se encontraram cara a cara.
Em 1932 o maior caso da vida de Ness havia passado, mas ele ainda tinha muito pela frente, e nem tudo foi pra melhor. Ness foi promovido a investigador chefe do Departamento de Proibição de Chicago. Após o fim da Lei Seca, em 1933, ele foi designado como agente fiscal do álcool nas "Moonshine Mountains" do sul de Ohio, Kentucky e Tennessee, e em 1934 foi transferido para Cleveland, Ohio.
Em dezembro de 1935, o prefeito de Cleveland, Harold H. Burton, contratou Ness como diretor de segurança da cidade inteira, o que o encarregava da polícia e dos bombeiros. Ness logo iniciou um inovador programa de reformas inspirado nas ideias de August Vollmer, que se concentrava em profissionalizar e modernizar a polícia, impedir a delinquência juvenil e melhorar a segurança no trânsito.
Ele declarou guerra à máfia, e seus principais alvos incluíam "Big" Angelo Lonardo, "Little" Angelo Scirrca, Moe Dalitz, John Angerola, George Angersola e Charles Pollizi, todos nomes conhecidos no submundo criminal.
Em 1933 Ness também foi diretor de segurança na época de vários assassinatos terríveis que ocorreram na área de Cleveland de 1935 a 1938, era um novo serial killer a espreita apelidado de Mad Butcher, ou o Açougueiro Louco.
Embora ele tivesse supervisão do departamento de polícia, ele estava apenas superficialmente envolvido na investigação em si. Mesmo assim Ness foi quem interrogou um dos principais suspeitos dos assassinatos, Dr. Francis E. Sweeney, usando um teste de polígrafo, algo inovador na época. Duas vítimas do serial killer foram encontradas próximas à prefeitura, o lugar onde ele trabalhava, o serial killer estava tirando uma com a cara dele. Infelizmente, porém, Ness nunca viria a solucionar esse caso, o que fez sua fama cair rapidamente.
Embora ele tivesse supervisão do departamento de polícia, ele estava apenas superficialmente envolvido na investigação em si. Mesmo assim Ness foi quem interrogou um dos principais suspeitos dos assassinatos, Dr. Francis E. Sweeney, usando um teste de polígrafo, algo inovador na época. Duas vítimas do serial killer foram encontradas próximas à prefeitura, o lugar onde ele trabalhava, o serial killer estava tirando uma com a cara dele. Infelizmente, porém, Ness nunca viria a solucionar esse caso, o que fez sua fama cair rapidamente.
Em 1938, Ness e sua esposa Edna se divorciaram depois que ele teve vários casos extraconjugais, mulheres eram uma de suas maiores fraquezas. Sua carreira extraordinariamente bem-sucedida em Cleveland sofreu uma redução gradual, parecia que o grande "Intocável" não era tão intocável assim, e eles podiam estar certos.
Segundo alguns historiadores Ness na verdade sofria de depressão, algo que na época não era considerado uma doença de verdade, ele passou a beber além da conta depois de seu divórcio, ele trabalhava demais, e prender grandes criminosos era a única coisa que lhe dava alegria na vida.
Ele particularmente caiu em desgraça depois de ter evacuado e queimado as grandes favelas da cidade durante os assassinatos do Açougueiro Louco. Os críticos de Ness apontaram seu divórcio, o fato dele beber em público, e sua conduta em um acidente de carro em uma noite em que ele estava dirigindo bêbado como motivos para acabar com ele.
Segundo alguns historiadores Ness na verdade sofria de depressão, algo que na época não era considerado uma doença de verdade, ele passou a beber além da conta depois de seu divórcio, ele trabalhava demais, e prender grandes criminosos era a única coisa que lhe dava alegria na vida.
Ele particularmente caiu em desgraça depois de ter evacuado e queimado as grandes favelas da cidade durante os assassinatos do Açougueiro Louco. Os críticos de Ness apontaram seu divórcio, o fato dele beber em público, e sua conduta em um acidente de carro em uma noite em que ele estava dirigindo bêbado como motivos para acabar com ele.
Embora não houvesse vítimas no acidente, Ness, provavelmente com medo de perder o seu emprego, tentou acobertar o acidente, o que fez com que muitos pensassem que ele era tão ruim quanto qualquer outro policial. Seu envolvimento no acidente foi revelado por um jornal local, o que fez com que os pedidos de sua renúncia aumentassem, no entanto, o sucessor de Burton como prefeito, Frank Lausche, manteve Ness no cargo.
Em 1939, Ness casou-se com a ilustradora Evaline Michelow. Em 1942, os Nesses se mudaram para Washington, D.C., onde ele arranjou trabalho para o governo federal. Ele foi a guerra contra a prostituição em comunidades em torno de bases militares, onde a doença venérea era um problema sério. Mais tarde, ele fez uma série de incursões no mundo corporativo, todas as quais falharam devido à sua falta de perspicácia nos negócios, ele era um ótimo policial, mas um péssimo negociante.
Em 1944, ele subiu a presidência da Diebold Corporation, uma empresa de segurança baseada em Ohio. Após o seu segundo divórcio e terceiro casamento, ele se elegeu sem sucesso para o cargo de prefeito de Cleveland em 1947, após o qual ele foi expulso da Diebold em 1951.
Ness começou então a beber mais e gastar seu tempo livre em bares contando histórias de sua carreira como agente de segurança. Ele também se endividou. Ness foi forçado a tomar vários empregos para ganhar a vida, incluindo atacadista de peças eletrônicas, balconista em uma livraria e vendedor de hambúrgueres congelados em restaurantes, o grande detetive já não era tão grande assim.
Isso tudo era realmente muito irônico, isso porque no auge de sua carreira Al Capone estava oferecendo a Elliot Ness cerca de US$ 1.000 por semana (o equivalente hoje a cerca de US$ 33.000) apenas para ele ignorar os crimes da máfia, mas o grande intocável não aceitou a proposta de Capone, e agora ele estava sofrendo com dívidas.
Em 1953 ele passou a trabalhar para uma empresa iniciante chamada Guaranty Paper Corporation, que se especializou em marcas d'água de documentos legais e oficiais para evitar a falsificação. Ness foi oferecido um emprego por causa de sua experiência em aplicação da lei. A empresa logo se mudou de Cleveland para a pacata cidade rural de Coudersport, Pensilvânia, onde os custos operacionais eram mais baixos. Ele fez uma renda decente com o GPC e mudou-se com sua esposa e filho adotivo para uma modesta casa alugada.
Elliot Ness acabou falecendo aos 54 anos vítima de um ataque cardíaco inesperado, ele estava em sua casa quando aconteceu, seu corpo foi cremado e suas cinzas jogadas em uma lagoa de um cemitério.
Na época de sua morte quase ninguém se lembrava dele como o herói que tirou a máfia da jogada, as pessoas o viam como um zé-ninguém, mas então por que ele ficou tão famoso? A resposta é simples e estranha. Antes de morrer Ness estava trabalhando em um livro chamado "Os Intocáveis" em conjunto com o escritor Oscar Fraley, mas Ness faleceu antes de terminar o livro. Para não perder as vendas Fraley decidiu reinventar a história de Ness, que já havia dado o seu ok na publicação de uma biografia, então tecnicamente não era ilegal.
O livro semibiografico foi um sucesso e ele inspirou séries de televisão e até filmes, e é essa a história do famoso detetive que todo mundo conhece, mas agora você conhece a verdadeira.
Se você gostou da matéria venha conhecer o nosso facebook, lá está cheio de coisas incríveis para você ler.
Em 1939, Ness casou-se com a ilustradora Evaline Michelow. Em 1942, os Nesses se mudaram para Washington, D.C., onde ele arranjou trabalho para o governo federal. Ele foi a guerra contra a prostituição em comunidades em torno de bases militares, onde a doença venérea era um problema sério. Mais tarde, ele fez uma série de incursões no mundo corporativo, todas as quais falharam devido à sua falta de perspicácia nos negócios, ele era um ótimo policial, mas um péssimo negociante.
Em 1944, ele subiu a presidência da Diebold Corporation, uma empresa de segurança baseada em Ohio. Após o seu segundo divórcio e terceiro casamento, ele se elegeu sem sucesso para o cargo de prefeito de Cleveland em 1947, após o qual ele foi expulso da Diebold em 1951.
Ness começou então a beber mais e gastar seu tempo livre em bares contando histórias de sua carreira como agente de segurança. Ele também se endividou. Ness foi forçado a tomar vários empregos para ganhar a vida, incluindo atacadista de peças eletrônicas, balconista em uma livraria e vendedor de hambúrgueres congelados em restaurantes, o grande detetive já não era tão grande assim.
Isso tudo era realmente muito irônico, isso porque no auge de sua carreira Al Capone estava oferecendo a Elliot Ness cerca de US$ 1.000 por semana (o equivalente hoje a cerca de US$ 33.000) apenas para ele ignorar os crimes da máfia, mas o grande intocável não aceitou a proposta de Capone, e agora ele estava sofrendo com dívidas.
Em 1953 ele passou a trabalhar para uma empresa iniciante chamada Guaranty Paper Corporation, que se especializou em marcas d'água de documentos legais e oficiais para evitar a falsificação. Ness foi oferecido um emprego por causa de sua experiência em aplicação da lei. A empresa logo se mudou de Cleveland para a pacata cidade rural de Coudersport, Pensilvânia, onde os custos operacionais eram mais baixos. Ele fez uma renda decente com o GPC e mudou-se com sua esposa e filho adotivo para uma modesta casa alugada.
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Erik Drost, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons |
Na época de sua morte quase ninguém se lembrava dele como o herói que tirou a máfia da jogada, as pessoas o viam como um zé-ninguém, mas então por que ele ficou tão famoso? A resposta é simples e estranha. Antes de morrer Ness estava trabalhando em um livro chamado "Os Intocáveis" em conjunto com o escritor Oscar Fraley, mas Ness faleceu antes de terminar o livro. Para não perder as vendas Fraley decidiu reinventar a história de Ness, que já havia dado o seu ok na publicação de uma biografia, então tecnicamente não era ilegal.
O livro semibiografico foi um sucesso e ele inspirou séries de televisão e até filmes, e é essa a história do famoso detetive que todo mundo conhece, mas agora você conhece a verdadeira.
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