Conheça a história de origem dos principais Santos Católicos

Hoje nós vamos dar uma olhada na história de vida de alguns dos principais Santos Católicos, afinal existem mais de 20.000 Santos e Beatos, então só dá pra cobrir alguns deles nessa matéria.
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Jean-Pol GRANDMONT, CC BY 3.0, via Wikimedia Commons

São Longuinho é o Santo que te ajuda a encontrar coisas perdidas, mas primeiro temos de dizer que seu nome não é Longuinho, é Longino, e foi ele quem perfurou Jesus com uma lança durante a crucificação, mas fora isso não sabemos nada sobre ele, não existem informações sobre o seu passado e nem se ele realmente existiu.

Nenhum nome para este soldado é dado nos Evangelhos canônicos, o nome Longino é encontrado apenas no Evangelho não-canônico de Nicodemos, e ele não começou como um Santo.
Uma antiga história, encontrada em uma obra sob o título falso de "Carta de Herodes a Pilatos" do século VI ou VII, afirma que Longino sofreu por ter traspassado Jesus com sua lança, e que ele foi condenado a uma caverna onde todas as noites um leão vinha e o atacava até o amanhecer, ai ele se curava e era atacado novamente, em um padrão que se repetiria até o fim dos tempos. Sendo então uma possível adaptação da história de Prometeu, que era atacado por uma águia, e depois também se regenerava apenas para ser atacado novamente. Tradições posteriores o transformaram em um cristão convertido.

Mas e quanto a ele te ajudar a achar objetos perdidos? Bom, isso é algo que só acontece no Brasil, nenhum outro país tem essa tradição, e ninguém sabe exatamente de onde ela veio ou porque foi associada com Longino. A tradição popular diz que a associação dos objetos desaparecidos vem de um conto antigo da época do santo em Roma, mas não existem registros oficiais desse conto existir. Segundo essa lenda ele era um homem muito baixo, e por isso ele via embaixo das mesas em festas com facilidade. Devido a isso ele encontrava e devolvia os objetos caídos no chão pelos outros atendentes.

Alvise Vivarini, Domínio público, via Wikimedia Commons

Santo Antônio de Pádua na verdade nasceu com o nome Fernando Martins de Bulhões em 15 de agosto de 1195. Ele era um padre português nascido e criado por uma família rica em Lisboa, Portugal.

Graças ao dinheiro e influência de sua família, aos 15 anos ele ingressou na comunidade agostiniana dos Cônegos Regulares da Ordem da Santa Cruz de Coimbra na Abadia de São Vicente, nos arredores de Lisboa. Em 1212, distraído pelas frequentes visitas de seus familiares e amigos, ele pediu para ser transferido para a casa mãe da congregação, o Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, então capital de Portugal, onde ele estudou teologia e latim.

Aos 19 anos se tornou um frade e saiu pelo mundo para pregar, mas adoeceu gravemente em Marrocos e partiu para Portugal na esperança de recuperar a sua saúde. Na viagem de volta, o navio foi desviado do curso e desembarcou na Sicília. Sua saúde nunca se recuperou e ele passou um bom tempo em uma caverna rezando e estudando, já que não podia mais viajar por aí.

De vez em quando ele trabalhava como professor. Em 1226, depois de assistir ao capítulo geral de sua ordem realizado em Arles, na França, e pregar na região de Provence, Antônio retornou à Itália e foi nomeado superior provincial do norte da Itália. Ele escolheu a cidade de Pádua como sua localização.

Em 1228, serviu como enviado do capítulo geral ao Papa Gregório IX. Na corte papal, sua pregação foi saudada como uma "caixa de joias da Bíblia" e ele foi contratado para produzir sua própria coleção de sermões, chamados popularmente de Sermones in Festivitates.
Mas sua saúde ainda não era boa, Santo Antônio adoeceu de ergotismo (vasoconstricção de vasos sanguíneos) em 1231 e foi para o retiro da floresta em Camposampiero com outros dois frades para descansar. Antônio morreu no caminho de volta para Pádua em 13 de junho de 1231 no mosteiro das Clarissas em Arcella, aos 35 anos.
Devido as suas conexões dentro da Igreja, sendo adorado até mesmo pelo próprio Papa, demorou menos de um ano para ele ser canonizado após a sua morte.

Gustave Moreau, Domínio público, via Wikimedia Commons

São Jorge da Capadócia é outro que ninguém sabe se realmente existiu ou não. Segundo lendas ele era um oficial romano de ascendência grega que foi martirizado em uma das perseguições pré-Constantinianas. Fora isso nada se sabe sobre ele.

A veneração desse Santo remonta ao século V, possivelmente até ao século IV. Já a adição da lenda do dragão data do século XI.
Na tradição grega, Jorge nasceu de pais cristãos gregos, na Capadócia. Depois que seu pai morreu, sua mãe, que era originalmente de Lydda, na Síria Palestina, retornou com George para sua cidade natal. Ele se tornou um soldado do exército romano, mas, por causa de sua fé cristã, foi preso e torturado, no dia seguinte, ele foi desfilado e depois decapitado, e seu corpo foi enterrado em Lydda. 

E quanto a ele lutar contra um dragão na Lua? Isso também é algo 100% brasileiro, essa história associa o Santo a Ogum, orixá de força masculina, que busca na Lua a feminilidade necessária para o seu equilíbrio. Além disso Jorge é um grande personagem da fé muçulmana, onde ele é retratado como uma figura profética.

Philippe de Champaigne, Domínio público, via Wikimedia Commons

Santo Aurélio Agostinho de Hipona foi na verdade um filósofo e Bispo da Numídia, antigo nome de uma região do norte da África localizada no território onde hoje estão a Argélia e, em menor proporção, a Tunísia ocidental. Seus escritos influenciaram o desenvolvimento da filosofia ocidental e também do cristianismo ocidental, e ele é visto como um dos mais importantes padres da Igreja latina no período patrístico. Suas muitas obras importantes incluem A Cidade de Deus, Sobre a Doutrina Cristã e Confissões.

Agostinho nasceu no ano 354 no município de Tagaste (agora Souk Ahras, Argélia) na província romana da Numídia. Sua mãe, Monica era uma cristã devota, já seu pai Patrício era um pagão que se converteu ao cristianismo em seu leito de morte Ele tinha um irmão chamado Navigius e uma irmã cujo nome se perdeu na história, mas é convencionalmente chamada de Perpétua.

Os estudiosos geralmente concordam que Agostinho e sua família eram berberes, um grupo étnico indígena do norte da África, falavam apenas em latim por uma questão de orgulho e dignidade. Em seus escritos, Agostinho deixa algumas informações sobre a consciência de sua herança africana. Por exemplo, ele se refere a Apuleio como "o mais notório de nós africanos".

Agostinho foi desde o início um aluno brilhante, mas nunca dominou o grego. Seu primeiro professor de grego foi um homem brutal que batia constantemente em seus alunos, então Agostinho se rebelou e se recusou a estudar.

No final de agosto de 386, aos 31 anos, tendo ouvido falar da primeira leitura de Ponticiano e seus amigos sobre a vida de Antônio do Deserto, Agostinho se converteu ao cristianismo. Ele morreu em 28 de agosto de 430, e foi canonizado por aclamação popular.

Anton Raphael Mengs, Domínio público, via Wikimedia Commons

São João é mais lembrado por ser celebrado durante a época de festa junina no nosso país, mas qual dos vários Santos chamados João nós estamos celebrando? Pois bem, seu nome completo é João, o Batista, também chamado apenas de João Batista.

João é mencionado pelo historiador judeu romano Josefo e é reverenciado como uma importante figura religiosa no cristianismo, no islamismo, na fé bahá'í, na fé drusa e até no mandeísmo. Ele é considerado um profeta de Deus em todas essas fés.
Pouco se sabe sobre a vida de João, alguns estudiosos sustentam que João pertencia aos essênios, uma seita judaica semi-ascética que esperava um messias e praticava o batismo ritual. Na verdade João usou o batismo como símbolo central de seu movimento pré-messiânico, daí seu apelido ser "Batista". A maioria dos estudiosos cristãos concorda que João batizou Jesus, e vários relatos do Novo Testamento relatam que alguns dos primeiros seguidores de Jesus já haviam sido seguidores de João antes.

De acordo com o Novo Testamento, João foi condenado à morte e posteriormente decapitado por Herodes Antipas por volta de 30 d.C., depois que João o repreendeu por se divorciar de sua esposa Fasaelis e depois casar-se ilegalmente com Herodias, a esposa de seu irmão Herodes Filipe I.
Josefo também menciona João no livro Antiguidades dos Judeus e afirma que ele foi executado por ordem de Herodes Antipas na fortaleza de Machaerus.

Mas então o que João tem a ver com festa junina? O Dia de São João é celebrado em 24 de junho, por ser a data tradicionalmente atribuída ao nascimento de São João Batista. Mas de onde veio essa data? De lugar nenhum. Assim como aconteceu com o Natal a Igreja queria criar um novo feriado para substituir o antigo feriado pagão do Solstício de Verão.

Peter Paul Rubens, Domínio público, via Wikimedia Commons

São Pedro é provavelmente mais conhecido por ter enfurecido várias donas de casa quando a roupa delas ainda estavam secando no varal. 

Segundo a própria Bíblia, seu nome original não era Pedro, mas sim Simão, mas ás vezes também é chamado de Simão Pedro. Ele era um dos doze apóstolos de Jesus Cristo segundo o Novo Testamento e, mais especificamente, os quatro Evangelhos. Além disso ele foi o primeiro bispo de Antioquia.

Com base em dados históricos, estima-se que seu papado tenha durado de 30 d.C. até sua morte, o que faria dele o Papa com o reinado mais longo da história, em qualquer lugar de 34 a 38 anos, no entanto, a duração de seu reinado nunca foi verificada por especialistas.

Segundo a tradição cristã, Pedro foi crucificado em Roma sob o imperador Nero entre 64-68 d.C, possivelmente apenas alguns meses depois do desastroso incêndio que destruiu Roma, pelo qual o imperador Nero quis culpar os cristãos.

Já a tradição popular dele controlar as chuvas vem do fato dele ter "a chave do Céu", o que daria a ele o poder de controlar o que sai do Céu também, como o vento, a chuva e os raios.

Peter Paul Rubens, Domínio público, via Wikimedia Commons

Agora vamos falar de São Sebastião de Narbona. A fonte mais antiga que menciona Sebastião encontra-se no Cronógrafo de 354, uma compilação de textos cronológicos e calendáricos produzidos em 354 d.C. pelo calígrafo e ilustrador Furius Dionísio Fillocalus, que o menciona como um mártir. Mas ele também foi mencionado por Ambrósio de Milão em sua Expositio in Psalmum CXVIII, um comentário teológico do Salmo 118 datado de 386-390 d.C. Ambrósio também afirma que Sebastião veio de Milão e que lá já era venerado como um santo.
Pelo o que sabemos em 283 d.C, Sebastião entrou no exército em Roma sob o imperador Carino. Ele então, de alguma maneira, se tornou um dos capitães da Guarda Pretoriana sob Diocleciano e Maximiano, que ainda não sabiam que ele era cristão, mas isso não duraria para sempre.

Em 286 d.C, Diocleciano descobriu sua fé e por sua suposta traição ordenou que Sebastião fosse conduzido a um campo e ali amarrado a uma estaca para que os arqueiros escolhidos da Mauritânia lhe disparassem flechas. mas o cara acabou sobrevivendo, já que nenhuma flecha foi um golpe fatal. Após se recuperar ele foi atrás de Diocleciano, que rapidamente ordenou que batessem em Sebastião até a morte e jogassem seu corpo em uma vala comum. Por sua coragem e sacrifício ele foi canonizado pela Igreja.
Ironicamente hoje em dia ele também é patrono dos arqueiros, afinal, perdoar faz parte não é mesmo?

Domínio público via wikimedia commons

Os Santos Cosme e Damião são irmãos normalmente retratado como gêmeos, mas além disso nada se sabe de suas vidas. Segundo a tradição cristã eles teriam nascido na Arábia e trabalhavam como curandeiros ou até mesmo médicos. Algumas versões dizem que eles não cobravam por seus serviços, usando a medicina para atrair e converter mais pessoas a sua fé.

Durante a perseguição sob Diocleciano, Cosme e Damião foram presos por ordem do prefeito da Cilícia, um tal de Lísias, mas não existem registros históricos sobre ele, que muito provavelmente foi inventado apenas para essa história. Seja como for Lísias ordenou que eles se retratassem sob tortura, mas eles permaneceram fiéis à sua fé, suportando ser pendurados em uma cruz, apedrejados e atingidos por flechas e, finalmente, foram executados por decapitação. Anthimus, Leôncio e Euprepius, seus irmãos mais novos, que foram inseparáveis ​​deles ao longo da vida, compartilharam de seu martírio.

Hans Memling, Domínio público, via Wikimedia Commons

São Bento da Nursia é mais um cuja existência é disputada por historiadores, isso porque além de um pequeno poema atribuído a Marcos de Monte Cassino, o único relato de Bento XVI é encontrado no segundo volume dos Diálogos de quatro livros do Papa Gregório I, que se acredita terem sido escritos em 593 d.C, embora a autenticidade deste trabalho é contestado até hoje por especialistas católicos e não-católicos.

De acordo com esses relatos Bento era o filho de um nobre romano da Núrsia, que é a moderna Nórcia, na Úmbria, mas acabou abandonando seus estudos e saiu de sua casa para viver sua própria vida. Ele levou sua velha enfermeira com ele como serva e eles se estabeleceram para viver em Enfide, Roma. Anos se passaram e ele acabou virando um monge, mas devido as suas ideias os monges se viraram contra ele e tentaram envenena-lo.
Ele não apenas sobreviveu a tentativa de assassinato como ganhou o respeito de muitos, e ainda fundou mais monastérios. Mas ele não escapou da morte para sempre.
Acredita-se que ele morreu de febre em Monte Cassino não muito tempo depois de sua irmã gêmea, Escolástica, e foi enterrado no mesmo lugar que sua irmã. Segundo a tradição, isso ocorreu em 21 de março de 547 d.C. Após sua morte ele foi nomeado protetor padroeiro da Europa pelo Papa Paulo VI em 1964. Em 1980, o Papa João Paulo II o declarou co-padroeiro da Europa.

Luis García, CC BY-SA 2.5, via Wikimedia Commons

O Santo Isidoro é o patrono de algo que você não iria esperar, ele é associado de maneira não-oficial a internet, técnicos de informação e programadores. Mas quem foi esse homem?

Isidoro nasceu em Cartagena, Espanha, uma ex-colônia cartaginesa, filho de Severiano e Teodora, ambos seus pais pertenciam a notáveis ​​famílias hispano-romanas de alto nível social, sendo membros de uma família influente que foi fundamental nas manobras político-religiosas que converteram os reis visigodos do arianismo ao catolicismo. A fama de sua família era tanta que a Igreja Católica celebra ele e todos os seus irmãos como santos até hoje.

Isidoro recebeu sua educação primária na escola da Catedral de Sevilha. Nesta instituição, a primeira de seu tipo na Espanha, o arcebispo Leander de Sevilha ensinou o trivium e o quadrivium, que são as chamadas artes liberais clássicas. Isidoro dedicou-se a estudar com diligência suficiente para dominar rapidamente o latim clássico e adquirir um pouco de conhecimento em grego e hebraico.

Após a morte de Leandro de Sevilha em 13 de março de 600 ou 601 d.C, Isidoro sucedeu à Sé de Sevilha. Em sua elevação ao episcopado, ele imediatamente se constituiu como protetor dos monges. O agora arcebispo Isidoro também usou recursos de educação para combater a barbárie gótica cada vez mais influente em toda a sua jurisdição episcopal. Seu espírito católico animou o movimento educacional centrado em Sevilha. Isidoro ainda apresentou seus compatriotas a obras de não-católicos, como o filósofo Aristóteles por exemplo.

Por influência de Isidoro, o Concílio de Toledo promulgou um decreto ordenando que todos os bispos estabelecessem seminários em suas cidades-catedrais nos moldes da escola da catedral de Sevilha, que havia educado Isidoro décadas antes. O decreto prescreveu o estudo do grego, hebraico e artes liberais e ainda encorajou o interesse em direito e medicina.
Mas além de seu trabalho religioso Isidoro se tornou famoso por sua Etymologiae, uma enciclopédia etimológica que reunia extratos de muitos livros da antiguidade clássica que de outra forma teriam sido perdidos. Por causa dessa enciclopédia e sua busca por conhecimento ele ficou associado a internet moderna.

Isidoro de Sevilha morreu em 4 de abril de 636 d.C, depois de servir mais de 32 anos como arcebispo de Sevilha.

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